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"O direito à vida é um direito básico, e isso deve incluir a terra", diz Angela Davis

 

 

 

 

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Professora e filósofa estadunidense Angela Davis tem uma vida pautada na luta pelos direitos humanos, no  ativismo feminista negro e contra o sistema prisional. Integrante do Partido dos Panteras Negras, ela chegou a ser presa por seu ativismo durante a década de 1970, mas foi inocentada em um dos processos jurídicos mais importantes dos Estados Unidos. 

Ela está no Brasil a convite da Fundação Rosa Luxemburgo e da editora Boitempo, e para o lançamento de seu livro A liberdade é uma luta constante. No último sábado (19), a ativista participou do seminário “Democracia em Colapso”, organizado pela editora, no qual pediu a valorização de feministas negras brasileiras e reconheceu a prisão política do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No domingo (20), ela visitou a Escola Nacional Florestan Fernandes, espaço de formação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), localizada em Guararema (SP), onde falou com exclusividade ao Brasil de Fato. Na ENFF, Davis participou de um encontro com organizações do movimento negro brasileiro, camponeses sem-terra e militantes de movimentos populares, como o Levante Popular da Juventude.

Luta pela terra

Em reconhecimento à luta promovida pelo MST, Davis destacou a relevância da necessidade do acesso à terra como uma questão fundamental para a manutenção da vida. "A luta pela terra é extremamente importante para as mulheres e os homens que foram privados de seus direitos na sociedade”, disse.

Para a ativista, o direito à terra está intimamente ligado à liberdade das mulheres negras e dos povos originários que foram colonizados. "O direito à vida é um direito básico. E isso deve incluir a terra. A luta pela terra nos ajuda a reconhecer a importância de desenvolver alianças com povos indígenas, principalmente considerando as formas como os povos indígenas têm sido os guardiões da terra”, ressaltou.

Feminismo interseccional

Davis é professora emérita do departamento de estudos feministas da Universidade da Califórnia. Com larga carreira acadêmica, ela publicou diversos outros livros, entre eles, os que tornaram seu nome mundialmente reconhecido no movimento feminista: Mulheres, raça e classe e Mulheres, cultura e política.

Seja por sua trajetória de vida ou por suas obras, o legado de seu ativismo para o movimento negro no Brasil é latente. No entanto, em sua análise, a ativista afirma que sua passagem pelo Brasil traz mais aprendizados à ela, do que ela poderia contribuir com os movimentos populares brasileiros. 

"Eu tenho muito mais a aprender com as pessoas que estão construindo a luta no Brasil do que elas têm a aprender conosco”, disse. "Há muito tempo, eu fico impressionada com os movimentos sociais aqui do Brasil. Há décadas, aliás. Eu me sinto honrada toda vez que visito o Brasil. As tradições do feminismo negro daqui têm muita potência. Eu acho que o mundo precisa conhecer o trabalho de Lélia Gonzalez”, completou Angela Davis. 

Confira outros trechos da entrevista:

 

Edição: Pamela Oliveira