PRODUCCIÓN - EXPLORACIONES
34 - Estética, Agricultura e Gênero: A visualidade nas mudanças do modelo agroalimentar após a revolução verde
Com este artigo propõe-se numa das múltiplas arestas dessa clivagem (homem/mulher, civilização/natureza), a saber, a maneira em que os discursos e representações produzidos pela lógica moderna/patriarcal/capitalista são reproduzidos na cotidianidade das práticas agroalimentares numa região do sul global, a estética associada a essa ordem e sua relação com o papel da mulher na divisão do trabalho agrícola. Nesse contexto, identifica-se a Revolução Verde como um instrumento crucial na construção do discurso desenvolvimentista que erigiu a modernização tecnológica como paradigma da produção alimentar, desviando a atenção da dimensão política da questão agrária e desconsiderando as particularidades sociais, culturais e ecossistêmicas.
Deste modo, propõe-se a abordagem do problema a partir da visualidade, devido à importância da dimensão ótica e estética na institucionalização de uma representação dicotômica da realidade agroalimentar nos países do denominado terceiro mundo, na qual a agricultura camponesa e a alimentação tradicional são sinônimos de atraso e pobreza, enquanto as tecnologias da Revolução Verde se consagram como promessa de prosperidade e progresso. Esta mudança na percepção e na forma de se cultivar os alimentos teve repercussões profundas, entre as quais se destacam a perda do histórico protagonismo da mulher na agricultura e o empobrecimento da dieta pela homogeneização das variedades comercializadas.